quarta-feira, 8 de junho de 2011

Imutável

De repente o toque inesperado
Coração acelerado
Arrepio gelado
Sentir exacerbado

Tudo rápido num instante
Sensação flutuante
Desejo gritante
Silêncio angustiante

E pensar no outrora
Permanecer ali por horas
Não importar com a demora
Estagnar com a aurora

Ter coragem para ir além
Não pensar no que vem
Felicitar com o que tem
Causar um imensurável bem

Tudo resumido num instante, imutável, distante, às vezes perto o bastante.

domingo, 6 de março de 2011

Estabilizando.

Fragmentos do passado pairam no ar como verdadeiros fantasmas, inquietos e prontos para acabar com qualquer sensação de equilíbrio, sempre obtida com muito esforço. Remetem ondas de dúvida, insegurança, que deveras são velhas conhecidas e que por diferentes motivos, sempre aparecem, normalmente nas horas mais importunas. Mas a “intimidade” desenvolvida com essa sensação meramente familiar, fez com que uma barreira fosse criada e que fosse estabelecida uma resistência muito grande em relação a seus efeitos; como o organismo que se adapta a uma droga que já não faz mais efeito como outrora. Então, na ausência de grande parte dos efeitos, você se mantém estável por um período e percebe que essa pode ser a hora mais propícia para fazer as temidas escolhas que a vida tanto nos cobra. E normalmente quando somos despertados para isso, algo não está indo bem e estamos necessitando passar por transformações, mudanças, que sempre trazem consigo perdas e ganhos também. Que estão carregadas de tristeza, de dor, e de alegria. Acontece que o lado bom das coisas, sempre demora um período maior para aparecer. Você primeiro precisa ser lapidado, mas logo após todo o processo, pode-se enxergar o resultado final magnífico e cheio de detalhes da obra. Tudo vai depender de como lida com cada situação e do tempo que você estará disposto a disponibilizar para esperar que os dias de alívio finalmente cheguem. Sim. É preciso ter muita paciência para desfrutar da recompensa.
Escolhas precisam ser feitas, decisões precisam ser tomadas. Mas estar consciente das conseqüências que cada uma delas acarretará em sua vida é mais um passo para conseguir manter a estabilidade.
E é exatamente assim que funciona, é assustadoramente inconstante e não resta alternativa a não ser viver a realidade procurando manter o equilíbrio entre os altos e baixos para sobreviver à verdadeira montanha russa que é a vida.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tudo novo.

Um toque novo, desconhecido, causa calafrio; que por ora, não pode ser relacionado a meras sensações do prazer carnal. Na mente de alguém extrema e intensamente racional, outras questões antecedem a tudo relacionado ao corpo e até mesmo ao coração. O calafrio dessa vez é efeito colateral de uma grande dose de medo do porvir e de marcas que podem ser intituladas de “traumas” relacionados a experiências anteriores.
É sempre muito saudável não projetar pessoas ou situações antigas nas novas, mas na prática isso se torna bem mais complexo do que possa parecer. Uma hora ou outra, inconscientemente, nos pegamos projetando. E conscientemente, isso é algo que sempre confunde e atrapalha suas decisões. E determinados traumas relacionados à grande insegurança, faz com que muitas vezes, na maioria delas, o “não se permitir” prevaleça, privando de viver situações, relações, que poderiam, ou não, ter tomado um rumo distinto das vividas anteriormente. E o mais irônico de tudo, é ter consciência de tudo isso, ter conhecimento de todo os mecanismos de defesa dos quais você faz uso e continuar baseando sua vida exatamente da mesma maneira. Mas como poderia mudar isso tudo sem optar por correr riscos? Simplesmente não mudaria. Portanto, a partir de agora escolho correr riscos, dispondo-me a realizar tudo – e quando digo tudo, sim. Englobo toda infinidade que cabe a palavra – que for necessário para me proporcionar momentos de felicidade. Não basta ser extremamente intensa apenas no que se sente, tem que haver intensidade também em tudo aquilo que se vive. E assim será.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Coisas da madrugada.

Um universo paralelo absurdamente inspirador. Assim defino a madrugada.
O silêncio que é interrompido apenas pelo tênue som do vento passando dificultosamente pelas frestas da janela, pelo grilo que lá fora canta solitário ou pela coruja que prefere admirar todas as noites, toda beleza e encantamento contidos na madrugada. Abrir a janela e sentir na pele a temperatura gélida do orvalho, ouvir o som das folhas bailando nas árvores, sentir o cheiro da terra, do asfalto. Ver uma mariposa voando em círculos na lâmpada que ilumina a rua, agora inócua, hostil, vazia...
É exatamente assim, você escuta o que o dia não te permite escutar, sente cheiros que o dia não te permite sentir. Até seus pensamentos mais ocultos você ouve. Tudo se torna mais leve, instigante, bonito. Um verdadeiro poço de sentimentos e inspiração.
Logo a sensação de paz que todas essas coisas unificadas causam, aos poucos vai cessando. Pelas frestas da janela que antes passava apenas a brisa, começa a passar a luz, que logo anuncia o caos do dia se aproximando. Então toda quietude se vai, toda magia e encantamento logo cessam.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Enfim o fim.

No limiar de toda esperança e paciência, após uma longa trajetória, decidi por reagir. Escolhi retomar toda quietude e paz que um dia me pertenceram, findar toda espera por aquilo que tanto demora, por aquilo que outrora tanto desejei.
Súbito, sarcástico, mordaz, esse sentimento alojou-se de maneira avassaladora.
Levou consigo muitas noites mal dormidas, muita dor sentida, lágrimas, mas se foi. Cedendo finalmente seu lugar a um novo sentimento, menos complexo e mais recíproco, feliz, mais cheio de vida.
Deixou comigo, lições. Ensinou-me que muitas vezes, não temos controle algum sobre o que sentimos.Que por mais que você deseje algo ou alguém, nada justifica estagnar sua própria vida em prol do que quer que seja ou de quem quer que seja. O tempo é muito valioso, e o que se perde, mais ainda.
Que se você não estiver bem resolvido consigo mesmo, nunca estará com ninguém. E por fim, a mais valiosa lição: Seja por uma nova experiência, pela aparição de uma nova pessoa ou mesmo pelo cansaço, toda dor e espera um dia chegam ao fim.
Não há amor que suporte tanta espera, não há desejo que resista ao peso do tempo perdido, não há quem consiga viver uma história sozinho, sem somar.
Então me sentindo liberta do que parecia inviolável, interminável e indestrutível, agora me despeço, desejando a você que viva bem e feliz com o que tem, com o que quis.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Único motivo.

Há tempos não vejo teu sorriso, e não sinto o ar fugindo abruptamente de meus pulmões, o coração acelerando a ponto de quase explodir, o frio se instalando lenta e intensamente em meu estômago, o tremor súbito tomando as pernas, a voz, o brilho nos olhos... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência de uma única presença. A sua!

Há tempos não sinto teu abraço, e não sinto o mundo girar quando posso jurar sentir meu coração paralisar, o ar faltar, não saber o que falar e só querer eternizar aquele abraço, aquele momento, poder sentir agora e para sempre o teu cheiro, o calor dos teus braços... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência de um único toque. O seu!

Há tempos não ouço tua voz, e não sinto meus ouvidos agradecerem como agradecem a mais perfeita melodia de uma música, e desviar o olhar, intimidar, corar, a palavra faltar, a esperança renovar, o desejo de cuidar, de ao seu lado estar, de pertencer... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência do desejo de uma única pessoa. Você!

Há tempos não te observo de longe, seguindo teus passos, observando teus traços, sorrindo com teu sorriso, entristecendo com tua tristeza, irando com tua ira, preocupando com tua angustia, e só querendo estar contigo, ao seu lado enquanto tudo isso acontece... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência do desejo de um único amor. O seu!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Relacionando.

Numa tarde chuvosa, a força e a fragilidade da natureza me chamam atenção e me fazem pensar em algumas relações que podem ser feitas com a própria essência humana.
A chuva vem forte, furiosa, e com toda sua força atinge a fragilidade da terra que a ela se entrega, se desfaz, vira lama. Num outro momento, já despida de parte de sua força, banha as flores, as plantas, a grama, que parecem dançar em agradecimento. E quando finalmente a chuva passa e sua música cessa, resta apenas o barulho da goteira do telhado e as gotículas que agora pousam tranquilas e cristalinas nas folhas das plantas.
Então penso, é como a vida. É como você pode encarar de vários ângulos e em varias fases uma só situação, uma só “turbulência” da sua vida. Primeiro machuca, te modifica, incomoda, te desfaz. Mais tarde não passará de um goteira que logo cessará e depois deixará apenas gotas repousadas em você, gotas que não passam de marcas, e se você souber conduzir as coisas, se souber tirar o real sentido e todas as lições das situações em que você passa, verá que te fez crescer e agradecerá também. Assim como uma planta cansada depois de um dia ensolarado agradece o orvalho que na madrugada, cai leve e delicadamente como alívio e recompensa por um dia de sol – um dia de dor para você- .
Então, não seja como a terra, frágil, que no primeiro momento de fúria da chuva se entrega, se desfaz. Seja como a flor ou como a planta, que na hora da fúria se curva, quase tomba, mas resiste. E ao passar da chuva, se ergue novamente, mais forte, mais viva.

Mais uma vez, recomeçar.

Fechando ciclos novamente e continuo vivendo da mesma maneira, sempre na esperança de dias melhores, de dias em que eu não sinta o inexorável desejo de sumir, desaparecer, ficar distante e livre de tudo aquilo que faz o âmago de meu ser dilacerar-se em dor e agonia. Dias em que eu não sinta a enorme falta daquilo que deveras nunca foi meu. Dias em que não me sinta sozinha em meio a tanta gente. Dias em que nunca mais precisarei me questionar sobre o real significado da felicidade, sobre se algum dia realmente cheguei a tocá-la, a desfrutá-la, a senti-la, ou se vivo na incessante busca e na esperança de enfim conhecê-la. Esperança. O que é na verdade a esperança? Há dias em que sinto que nada teria sentido e que não me restariam forças para seguir sem ao menos tê-la em gotículas, mesmo estando prestes a se esgotar. Já em outros, penso que não passa de um mecanismo de defesa, uma mentira alimentada por mim mesma para me impedir de surtar e desistir de uma vez por todas de tudo aquilo que teima em não se concretizar. Pois muitas vezes, sinto um cansaço que toma conta de mim por um todo, o mundo e determinadas pessoas causam isso. Me canso da existência! E não é cansaço físico, antes fosse. Acho que é bem mais fácil proporcionar cura ao corpo do que a alma, ao espírito. Talvez isso explique porque é tão fácil ser criança. Feridas no joelho doem bem menos do que feridas na alma. Bom, seja lá o que for a tal da esperança, sinto que é exatamente ela que me motiva a viver na espera de dias melhores, dias mais leves, tranquilos, felizes. Dias como aqueles que todo choro e toda dor, vinham apenas de motivos superficiais.