domingo, 4 de março de 2012

O fluir do pensamento.

Coração pulsando quente, vida presente.
Conflitos permanentes, dúvidas frequentes.
Dissonante existência, questionar a ausência,
Desejar a presença, analisar a essência.

Fluir dos sentimentos, lembranças dos momentos.
Descompasso dos pensamentos, e da dor, só o aumento.
Esconder o que assola, ver o arrastar das horas,
A lembrança do outrora, não deixar ir embora.

Não conseguir adormecer, desejo latente do “acontecer”,
Chegada do amanhecer, os pensamentos tecer.
Ser tomada pelo cansaço, lembrar do abraço,
Faltar o espaço, coração em descompasso.

E finalmente a trégua da dor, o acomodar no cobertor.
Desaparecer o rancor... há explicações para o amor?
No outro dia o despertar, pesar do lembrar, desejar estar
Estar em harmonia, desfrutar da alegria, da paz todo dia.
Quem me dera... Quem diria...

sábado, 28 de janeiro de 2012

Sentidos

Gosto dos sons. Sentir o efeito, resgatar sentimentos, se entregar, se alegrar, ouvir o pulsar, relaxar, embalar.
Gosto do cheiro. Do inspirar lembranças, expirar sorrisos, respirar momentos, pessoas, lugares, sentimentos.
Gosto do gosto. Experimentar o desconhecido, categorizar sabores, identificar texturas, formas, fazeres.
Gosto do toque. Da resposta do corpo, o eriçar dos pêlos, esfriar da pele, tremor dos lábios, acelerar do pulso, do arquejar.
Gosto do ver. De vislumbrar, apreciar a beleza, identificar o ser, o amor, o amigo, sorrisos, olhares, momentos.

Sou, definitivamente, movida às sensações do sentir.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Final definitivo.

Certos sentimentos quando perduram por um longo tempo, te causam uma estranha sensação anestésica no momento em que você percebe que ele, lenta e dolorosamente começa a se esvair.
É como se você estivesse com o último punhado de areia escorrendo por entre os dedos, fugindo da palma de sua mão. E que por mais forte que você o segure nada fará com que ele permaneça ali; o que causa uma sensação de impotência que não cabe em qualquer descrição.
E você permanece olhando a areia que fugiu, agora no chão, sendo espalhada, levada pelo vento, desaparecendo.
Nesse momento você percebe que nada pode ser feito, além de tentar se levantar e recolher os seus pedaços que caíram no chão junto com a areia e seguir adiante, mesmo com a total ausência de uma parte sua. Parte que te acompanhou durante anos, parte que te trouxe dor, mas uma dor que jamais poderá ser igualada a dor que te acomete agora em meio à percepção de que tudo se findou, morreu, para sempre.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Imutável

De repente o toque inesperado
Coração acelerado
Arrepio gelado
Sentir exacerbado

Tudo rápido num instante
Sensação flutuante
Desejo gritante
Silêncio angustiante

E pensar no outrora
Permanecer ali por horas
Não importar com a demora
Estagnar com a aurora

Ter coragem para ir além
Não pensar no que vem
Felicitar com o que tem
Causar um imensurável bem

Tudo resumido num instante, imutável, distante, às vezes perto o bastante.

domingo, 6 de março de 2011

Estabilizando.

Fragmentos do passado pairam no ar como verdadeiros fantasmas, inquietos e prontos para acabar com qualquer sensação de equilíbrio, sempre obtida com muito esforço. Remetem ondas de dúvida, insegurança, que deveras são velhas conhecidas e que por diferentes motivos, sempre aparecem, normalmente nas horas mais importunas. Mas a “intimidade” desenvolvida com essa sensação meramente familiar, fez com que uma barreira fosse criada e que fosse estabelecida uma resistência muito grande em relação a seus efeitos; como o organismo que se adapta a uma droga que já não faz mais efeito como outrora. Então, na ausência de grande parte dos efeitos, você se mantém estável por um período e percebe que essa pode ser a hora mais propícia para fazer as temidas escolhas que a vida tanto nos cobra. E normalmente quando somos despertados para isso, algo não está indo bem e estamos necessitando passar por transformações, mudanças, que sempre trazem consigo perdas e ganhos também. Que estão carregadas de tristeza, de dor, e de alegria. Acontece que o lado bom das coisas, sempre demora um período maior para aparecer. Você primeiro precisa ser lapidado, mas logo após todo o processo, pode-se enxergar o resultado final magnífico e cheio de detalhes da obra. Tudo vai depender de como lida com cada situação e do tempo que você estará disposto a disponibilizar para esperar que os dias de alívio finalmente cheguem. Sim. É preciso ter muita paciência para desfrutar da recompensa.
Escolhas precisam ser feitas, decisões precisam ser tomadas. Mas estar consciente das conseqüências que cada uma delas acarretará em sua vida é mais um passo para conseguir manter a estabilidade.
E é exatamente assim que funciona, é assustadoramente inconstante e não resta alternativa a não ser viver a realidade procurando manter o equilíbrio entre os altos e baixos para sobreviver à verdadeira montanha russa que é a vida.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tudo novo.

Um toque novo, desconhecido, causa calafrio; que por ora, não pode ser relacionado a meras sensações do prazer carnal. Na mente de alguém extrema e intensamente racional, outras questões antecedem a tudo relacionado ao corpo e até mesmo ao coração. O calafrio dessa vez é efeito colateral de uma grande dose de medo do porvir e de marcas que podem ser intituladas de “traumas” relacionados a experiências anteriores.
É sempre muito saudável não projetar pessoas ou situações antigas nas novas, mas na prática isso se torna bem mais complexo do que possa parecer. Uma hora ou outra, inconscientemente, nos pegamos projetando. E conscientemente, isso é algo que sempre confunde e atrapalha suas decisões. E determinados traumas relacionados à grande insegurança, faz com que muitas vezes, na maioria delas, o “não se permitir” prevaleça, privando de viver situações, relações, que poderiam, ou não, ter tomado um rumo distinto das vividas anteriormente. E o mais irônico de tudo, é ter consciência de tudo isso, ter conhecimento de todo os mecanismos de defesa dos quais você faz uso e continuar baseando sua vida exatamente da mesma maneira. Mas como poderia mudar isso tudo sem optar por correr riscos? Simplesmente não mudaria. Portanto, a partir de agora escolho correr riscos, dispondo-me a realizar tudo – e quando digo tudo, sim. Englobo toda infinidade que cabe a palavra – que for necessário para me proporcionar momentos de felicidade. Não basta ser extremamente intensa apenas no que se sente, tem que haver intensidade também em tudo aquilo que se vive. E assim será.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Coisas da madrugada.

Um universo paralelo absurdamente inspirador. Assim defino a madrugada.
O silêncio que é interrompido apenas pelo tênue som do vento passando dificultosamente pelas frestas da janela, pelo grilo que lá fora canta solitário ou pela coruja que prefere admirar todas as noites, toda beleza e encantamento contidos na madrugada. Abrir a janela e sentir na pele a temperatura gélida do orvalho, ouvir o som das folhas bailando nas árvores, sentir o cheiro da terra, do asfalto. Ver uma mariposa voando em círculos na lâmpada que ilumina a rua, agora inócua, hostil, vazia...
É exatamente assim, você escuta o que o dia não te permite escutar, sente cheiros que o dia não te permite sentir. Até seus pensamentos mais ocultos você ouve. Tudo se torna mais leve, instigante, bonito. Um verdadeiro poço de sentimentos e inspiração.
Logo a sensação de paz que todas essas coisas unificadas causam, aos poucos vai cessando. Pelas frestas da janela que antes passava apenas a brisa, começa a passar a luz, que logo anuncia o caos do dia se aproximando. Então toda quietude se vai, toda magia e encantamento logo cessam.