segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Único motivo.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Relacionando.
A chuva vem forte, furiosa, e com toda sua força atinge a fragilidade da terra que a ela se entrega, se desfaz, vira lama. Num outro momento, já despida de parte de sua força, banha as flores, as plantas, a grama, que parecem dançar em agradecimento. E quando finalmente a chuva passa e sua música cessa, resta apenas o barulho da goteira do telhado e as gotículas que agora pousam tranquilas e cristalinas nas folhas das plantas.
Então penso, é como a vida. É como você pode encarar de vários ângulos e em varias fases uma só situação, uma só “turbulência” da sua vida. Primeiro machuca, te modifica, incomoda, te desfaz. Mais tarde não passará de um goteira que logo cessará e depois deixará apenas gotas repousadas em você, gotas que não passam de marcas, e se você souber conduzir as coisas, se souber tirar o real sentido e todas as lições das situações em que você passa, verá que te fez crescer e agradecerá também. Assim como uma planta cansada depois de um dia ensolarado agradece o orvalho que na madrugada, cai leve e delicadamente como alívio e recompensa por um dia de sol – um dia de dor para você- .
Então, não seja como a terra, frágil, que no primeiro momento de fúria da chuva se entrega, se desfaz. Seja como a flor ou como a planta, que na hora da fúria se curva, quase tomba, mas resiste. E ao passar da chuva, se ergue novamente, mais forte, mais viva.
Mais uma vez, recomeçar.
Fechando ciclos novamente e continuo vivendo da mesma maneira, sempre na esperança de dias melhores, de dias em que eu não sinta o inexorável desejo de sumir, desaparecer, ficar distante e livre de tudo aquilo que faz o âmago de meu ser dilacerar-se em dor e agonia. Dias em que eu não sinta a enorme falta daquilo que deveras nunca foi meu. Dias em que não me sinta sozinha em meio a tanta gente. Dias em que nunca mais precisarei me questionar sobre o real significado da felicidade, sobre se algum dia realmente cheguei a tocá-la, a desfrutá-la, a senti-la, ou se vivo na incessante busca e na esperança de enfim conhecê-la. Esperança. O que é na verdade a esperança? Há dias em que sinto que nada teria sentido e que não me restariam forças para seguir sem ao menos tê-la em gotículas, mesmo estando prestes a se esgotar. Já em outros, penso que não passa de um mecanismo de defesa, uma mentira alimentada por mim mesma para me impedir de surtar e desistir de uma vez por todas de tudo aquilo que teima em não se concretizar. Pois muitas vezes, sinto um cansaço que toma conta de mim por um todo, o mundo e determinadas pessoas causam isso. Me canso da existência! E não é cansaço físico, antes fosse. Acho que é bem mais fácil proporcionar cura ao corpo do que a alma, ao espírito. Talvez isso explique porque é tão fácil ser criança. Feridas no joelho doem bem menos do que feridas na alma. Bom, seja lá o que for a tal da esperança, sinto que é exatamente ela que me motiva a viver na espera de dias melhores, dias mais leves, tranquilos, felizes. Dias como aqueles que todo choro e toda dor, vinham apenas de motivos superficiais.