segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Único motivo.

Há tempos não vejo teu sorriso, e não sinto o ar fugindo abruptamente de meus pulmões, o coração acelerando a ponto de quase explodir, o frio se instalando lenta e intensamente em meu estômago, o tremor súbito tomando as pernas, a voz, o brilho nos olhos... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência de uma única presença. A sua!

Há tempos não sinto teu abraço, e não sinto o mundo girar quando posso jurar sentir meu coração paralisar, o ar faltar, não saber o que falar e só querer eternizar aquele abraço, aquele momento, poder sentir agora e para sempre o teu cheiro, o calor dos teus braços... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência de um único toque. O seu!

Há tempos não ouço tua voz, e não sinto meus ouvidos agradecerem como agradecem a mais perfeita melodia de uma música, e desviar o olhar, intimidar, corar, a palavra faltar, a esperança renovar, o desejo de cuidar, de ao seu lado estar, de pertencer... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência do desejo de uma única pessoa. Você!

Há tempos não te observo de longe, seguindo teus passos, observando teus traços, sorrindo com teu sorriso, entristecendo com tua tristeza, irando com tua ira, preocupando com tua angustia, e só querendo estar contigo, ao seu lado enquanto tudo isso acontece... Há tempos não sinto tudo isso acontecer numa fração de segundos, como conseqüência do desejo de um único amor. O seu!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Relacionando.

Numa tarde chuvosa, a força e a fragilidade da natureza me chamam atenção e me fazem pensar em algumas relações que podem ser feitas com a própria essência humana.
A chuva vem forte, furiosa, e com toda sua força atinge a fragilidade da terra que a ela se entrega, se desfaz, vira lama. Num outro momento, já despida de parte de sua força, banha as flores, as plantas, a grama, que parecem dançar em agradecimento. E quando finalmente a chuva passa e sua música cessa, resta apenas o barulho da goteira do telhado e as gotículas que agora pousam tranquilas e cristalinas nas folhas das plantas.
Então penso, é como a vida. É como você pode encarar de vários ângulos e em varias fases uma só situação, uma só “turbulência” da sua vida. Primeiro machuca, te modifica, incomoda, te desfaz. Mais tarde não passará de um goteira que logo cessará e depois deixará apenas gotas repousadas em você, gotas que não passam de marcas, e se você souber conduzir as coisas, se souber tirar o real sentido e todas as lições das situações em que você passa, verá que te fez crescer e agradecerá também. Assim como uma planta cansada depois de um dia ensolarado agradece o orvalho que na madrugada, cai leve e delicadamente como alívio e recompensa por um dia de sol – um dia de dor para você- .
Então, não seja como a terra, frágil, que no primeiro momento de fúria da chuva se entrega, se desfaz. Seja como a flor ou como a planta, que na hora da fúria se curva, quase tomba, mas resiste. E ao passar da chuva, se ergue novamente, mais forte, mais viva.

Mais uma vez, recomeçar.

Fechando ciclos novamente e continuo vivendo da mesma maneira, sempre na esperança de dias melhores, de dias em que eu não sinta o inexorável desejo de sumir, desaparecer, ficar distante e livre de tudo aquilo que faz o âmago de meu ser dilacerar-se em dor e agonia. Dias em que eu não sinta a enorme falta daquilo que deveras nunca foi meu. Dias em que não me sinta sozinha em meio a tanta gente. Dias em que nunca mais precisarei me questionar sobre o real significado da felicidade, sobre se algum dia realmente cheguei a tocá-la, a desfrutá-la, a senti-la, ou se vivo na incessante busca e na esperança de enfim conhecê-la. Esperança. O que é na verdade a esperança? Há dias em que sinto que nada teria sentido e que não me restariam forças para seguir sem ao menos tê-la em gotículas, mesmo estando prestes a se esgotar. Já em outros, penso que não passa de um mecanismo de defesa, uma mentira alimentada por mim mesma para me impedir de surtar e desistir de uma vez por todas de tudo aquilo que teima em não se concretizar. Pois muitas vezes, sinto um cansaço que toma conta de mim por um todo, o mundo e determinadas pessoas causam isso. Me canso da existência! E não é cansaço físico, antes fosse. Acho que é bem mais fácil proporcionar cura ao corpo do que a alma, ao espírito. Talvez isso explique porque é tão fácil ser criança. Feridas no joelho doem bem menos do que feridas na alma. Bom, seja lá o que for a tal da esperança, sinto que é exatamente ela que me motiva a viver na espera de dias melhores, dias mais leves, tranquilos, felizes. Dias como aqueles que todo choro e toda dor, vinham apenas de motivos superficiais.