segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A queda do herói.

E lá está ele, em seu costumeiro lugar de soberania. Elevado ao mais alto nível, onde eu mesma o coloquei. E de repente, com uma simples atitude, com apenas uma frase; ele despenca. Cai por terra, súbita e abruptamente, me fazendo comer a poeira que se ergue. O meu chão some, o ar me falta, meu coração acelera, a angústia me consome. Nesse extato momento, vejo o filme da minha vida passando em flashes alucinantes em minha cabeça, então vejo claramente as cenas que me fizeram colocá-lo em meu pedestal. Então voltando bruscamente para a realidade, sinto o ar gélido que toma meu estômago, sinto uma parte minha sendo arrancada e um vazio inexplicavelmente doloroso. E é como se bem ali, diante daquela cena, eu pudesse ver o pedestal do meu herói em pedaços... E olhar cada partícula, me faz sentir uma nova facada, um novo soco em minha face. Então saio de cena, sem rumo, em pânico com a situação e com a clara sensação de solidão. Talvez essa seja uma sensação que sempre me acompanhara, mas nunca nessa intensidade. Dessa vez é como se mais nada nem ninguém me restasse, como se eu estivesse em uma situação de perigo, sabendo que não tenho com quem contar. Porém sinto ao mesmo tempo coisas novas e boas aflorando em meu ser. É um misto de sentimentos extremamente doloroso, mas que com o passar do tempo, me fará crescer e perceber que seres, são humanos; que cometem erros e são tão falhos e vulneráveis quanto eu, você, quanto todos nós. E que na realidade, talvez nenhum desses seres mereça ocupar o pedestal, de quem quer que seja, pura e simplesmente por não demonstrar o lado humano do ser. Hoje, não tenho mais herói, encaro uma nova realidade que não passa do efeito colateral de uma dose cavalar de maturidade, liberdade e autonomia.

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