domingo, 29 de agosto de 2010

Sonhei, senti.

A noite cai, inquieto-me, e logo pouso minha cabeça latente em meu travesseiro.
Observo meticulosamente cada centímetro do teto de meu quarto;
E encontro neles, particularidades estranhamente familiares.
Mergulho nas manchas, buracos, relevos inconstantes, nas marcas...
E é como se visse naquela superfície, um perfeito retrato de meu interior.
Apego-me a cada detalhe enquanto flutuo muito longe, pra onde meus pensamentos me levam. E por um instante, sinto aos poucos minha alma desalojar de meu corpo. E é como se através dela, eu possuísse o dom de voar.
Então vago por aí sem rumo, sentindo a liberdade tocar meu rosto, na forma de uma brisa suave que faz esvoaçar meus cabelos negros, que logo se confundem com a escuridão da noite, e sem perceber, entrego-me aos encantos e a estranha sensação de prazer causada pelo “toque” da liberdade, da brisa mais suave que já desfrutei em toda minha vida. E posso voar tão alto que quase toco as estrelas, e chego tão perto que posso até sentir teu calor queimando a palma curiosa de minha mão.
E quando finalmente a toco, num surto de medo, sinto-me despencar de tão alto que juro que posso sentir a temperatura gélida de meu ventre roubando-me o ar.
E quando finalmente volto a respirar, sinto minha alma novamente alojada, em meu corpo frágil, mortal.
Sonhei e posso jurar que senti.

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